quarta-feira, 7 de maio de 2014

Opinião: A quinta dos animais | Animal Farm - George Orwell


       Esta fábula de George Orwell relata a história de uma quinta em que os animais se sentem fartos de ser escravizados pelo ser humano. Pela primeira vez uma quinta sofre uma revolução que expulsou os humanos que nela viviam. Os animais têm assim de se tornar auto-suficientes e produzir o seu próprio alimento. Começou-se a formar uma sociedade de animais, em que todos trabalhavam e tinham direito ao descanço. Tudo aquilo que produzem não lhes é retirado e os animais usufruem do produto do seu trabalho. Todos eram iguais e todos afastavam o máximo possível a raça humana do pensamento. Foram criadas algumas regras (Como por exemplo: “Duas pernas mau, quatro pernas bom”) e até ordens para condecorar quem se destacasse pelo seu mérito.


       Com o passar do tempo, os porcos da quinta vão se diferenciando dos outros animais, afirmando-se mais sábios que as outras espécies. Assim, os porcos vão gradualmente reivindicando o poder e, simultaneamente, vão manipulando a sociedade da quinta. Surgiram grupos sociais, à semelhança de uma sociedade humana.
       Um desses porcos, Napoleão, chega ao poder da pior maneira: expulsando à força o seu oponente, Bola-de-neve. Este instala um regime totalitarista e a quinta chega ao ponto de regressar aos tempos em que estava sob o controlo dos humanos. Contudo, os animais não se apercebem desta situação, pois Napoleão soube manipular bem os animais. Este acaba por fazer o que quer com a quinta, alterando as regras inicialmente estabelecidas, reduzindo as rações dos animais e aumentando as horas de trabalho árduo. Os porcos chegam mesmo a ficar bastante semelhantes ao homem, andando sobre duas patas e utilizando peças de roupa.


       Orwell inspirou-se no regime ditatorial russo, liderado por Stalin, sendo que o porco Napoleão é a representação figurada deste governador. Esta é uma fábula que utiliza os animais para representar os humanos e os seus defeitos, como a corrupção, a ganância, a ambição e a ignorância.
       Este clássico da literatura é fascinante da primeira página à última. Apercebi-me que este livro não me ia desiludir e que ia querer ler mais deste autor assim que li o primeiro capítulo. A escrita do autor e a sua crítica à sociedade tornam este livro grande, ainda que o número de páginas seja muito reduzido. É fantástica a forma como o autor critíca a humanidade e os regimes totalitaristas.


       Apesar da história ser particularmente inspirada no regime ditatorial russo, esta pode ser associada a outros regimes ditatoriais, pois todos funcionam basicamente da mesma maneira. Muitas das coisas que aconteceram no regime de Stalin, Salazar e Hitler são representadas nesta história, como a opressão, o controlo da opinião pública e a proibição de indícios de revolução, bem como castigos e até execuções.


       Recomendo vivamente a que TODA A GENTE leia este livro, pois se todos o lessem, muitas mentes da população portuguesa (e de qualquer parte do mundo) ia abrir-se e ver a realidade com outros olhos. Esta é uma leitura que devia ser feita particularmente na época de crise que vivemos.
       Há também a versão deste livro em filme de animação, realizado por John Halas e Joy Batchelor em 1954.

3 comentários:

  1. Concordo plenamente contigo! Adorei e também recomendo a toda a gente :) Ainda por cima é pequenito :P
    Beijinhos

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    1. É impressionante a forma como um livro deste tão pequeno em numero de págs, consegue ser tão grande em qualidade... ultrapassando muitos livros com mais de 500 pags...

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